Hoje transcrevo um poema de um homem que viveu numa rua bem perto do sítio onde eu habitei.
Antifascista, resolveu exilar-se em 1967 para o Brasil. Esteve preso nos locais da PIDE do Porto (ver foto). Tem vários poemas publicados sobre a sua triste experiência nos cárceres.
MANHÃ
-Bom dia. Diz-me um guarda.
Eu não ouço… apenas olho
das chaves o grande molho
parindo um riso na farda.
Vómito insuportável de ironia
Bom dia, porquê bom dia?
Olhe senhor guarda
(no fundo a minha boca rugia)
aqui é noite, ninguém mora,
deite esse bom dia lá fora
porque lá fora é que é dia.
Luís Veiga Leitão
(Na imagem podemos ainda ler PVDE - antiga denominação da polícia política do Estado Novo)
Sem comentários:
Enviar um comentário