19.12.12

Rua PROFESSOR AUGUSTO NOBRE

351212

Outrora esta artéria da cidade chamou-se Travessa de Cima.

Sobre a biografia deste professor consultei a página "Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto".

Augusto Pereira Nobre, filho de José Pereira Nobre, nasceu na rua de Santa Catarina, no Porto, a 25 de junho de 1865.
O seu interesse pela Zoologia e dedicação ao estudo dos animais marinhos adveio, segundo contava, das temporadas passadas com a família na praia de Leça da Palmeira. Realizou as primeiras experiências em estudos zoológicos no Museu Municipal do Porto organizado por João Allen e sito na rua da Restauração, onde havia uma coleção malacológica. E foi na Biblioteca Municipal do Porto que fez as primeiras leituras sobre este tema.

Augusto Pereira Nobre frequentou os estudos liceais num colégio e numa escola pública e com 18 anos escreveu o trabalho "Ensaio sobre os Moluscos testáceos marinhos observados entre Espinho e Póvoa", publicado no 1.º volume da revista "A Mocidade de Hoje" (1882).
Em 1884 ingressou na Faculdade de Filosofia da Universidade de Coimbra, onde estudou Botânica e Zoologia. Nesta cidade estabeleceu contactos duradouros com Júlio Henriques, professor de Botânica, e com Albino Giraldes e Paulino de Oliveira, professores de Zoologia. Realizou excursões zoológicas e cursou as disciplinas de Ciências Naturais.
Da Universidade de Coimbra mudou-se para a Academia Politécnica do Porto, onde frequentou os preparatórios de Medicina. Rapidamente, porém, procurou no estrangeiro um ensino da Zoologia de pendor menos teórico. Em Paris, trabalhou sob a direção do Professor Edmond Perrier (1844-1921), diretor do Museu de História Natural, frequentou diversas disciplinas na Universidade da Sorbonne e os Trabalhos Práticos de Zoologia na École Pratique des Hautes Études. O seu mestre sugeriu-lhe uma passagem pela Estação Zoológica de Sète, anexa à Faculdade de Montpellier.

De regresso ao Porto, em 1890, foi convidado por Amândio Gonçalves, professor de Botânica na Academia Politécnica do Porto, para ser seu assistente nos trabalhos práticos. No ano seguinte foi nomeado ajudante prático do professor Aarão de Lacerda na disciplina de Zoologia, assim dando início a uma longa colaboração com este cientista e encetando o processo de modernização do ensino da Zoologia em Portugal.

Augusto Nobre foi nomeado, em 1901, pelo decreto de 5 de dezembro, naturalista-adjunto de Zoologia da Academia Politécnica do Porto. Depois de concluído o bacharelato em Ciências Histórico-Naturais (1912), concorreu a um lugar de docente na recém-instituída Faculdade de Ciências do Porto, conseguindo, por mérito e sem se submeter a concurso, ocupar a vaga de professor extraordinário do 2.º Grupo, 3.ª Secção. Foi nomeado pelo ministro Duarte Leite a 7 de dezembro de 1912. A 21 de agosto de 1915 tomou posse como professor ordinário e pelo decreto de 31 de março de 1921 passou a dirigir o Instituto de Zoologia. Em 1918 foi-lhe conferido o grau de doutor em Ciências Histórico-naturais pela FCUP.

Augusto Nobre jubilou-se em 1935, quando atingiu o limite de idade. Pouco depois o seu nome foi atribuído ao Instituto de Zoologia e Estação de Zoologia Marítima, situado na Avenida de Montevideu, na Foz do Douro, que criara em 1914.

Ao longo da sua carreira desempenhou outras funções de relevo. Foi vogal da Comissão Permanente de Piscicultura, membro do Conselho Florestal do Ministério de Agricultura, vogal Naturalista da Comissão Central de Pescarias, vogal do Conselho de Estudos de Oceanografia e Pescas, relator do Orçamento e chefe do Gabinete do Ministério da Instrução, 3.º Reitor da Universidade do Porto (1919-1926) e Ministro da Instrução (1920-1922), função que lhe permitiu criar a Faculdade Técnica, o Observatório Astronómico anexo à Faculdade de Ciências e transformar a Escola de Farmácia em Faculdade.

Este reputado cientista e político foi autor de mais de uma centena de trabalhos que se debruçaram em particular sobre a fauna marinha e os moluscos portugueses e foi o fundador da revista "Annaes de Sciências Naturaes" (1894-1907). Postumamente foi dada à estampa uma edição que preparara com poemas de António Nobre, seu irmão, e que tinha reunido na obra "Despedidas" (1902), prefaciada por Sampaio Bruno. Coordenou várias edições do livro de poemas "Só" e compilou memórias, cartas e depoimentos sobre o irmão no livro "Leça do Balio – recordações, e estudos de há sessenta anos".

Uma das suas maiores realizações foi, sem dúvida, o Museu de Zoologia (sala integrada atualmente no Museu de História Natural da FCUP, que tem a sua sede no edifício histórico da Universidade do Porto), onde contou com a colaboração do seu filho Augusto Ferreira Nobre, até 1930, ano em que este faleceu. Dirigiu o museu - qual abriu as suas portas ao público em 1916 - a partir de 1892. Foi, também, diretor do Laboratório de Zoologia.

Augusto Nobre também esteve ligado à fundação da Estação Aquícola do Rio Ave, instituída em 1886 por despacho de Bernardino Machado, a qual veio a dirigir. Foi sócio académico da Academia das Ciências de Lisboa (eleito a 23 de setembro de 1893) e do Instituto de Coimbra.
Morreu na sua casa da Foz, na madrugada de 13 de setembro de 1946.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2011)



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