21.9.06

Rua de AVIS




Antiga Travessa da Fábrica.

Antes da Construção do Hotel Infante de Sagres e da Praça D. Filipa de Lencastre existia aqui a Casa da Fábrica.

Café AVIS do lado contrário às livrarias no n° 17


CASA DA FÁBRICA - Um belo palacete que existiu na actual Rua de Avis, com esquina para a Rua da Fábrica, e que foi demolido para construir o Hotel Infante de Sagres. Aquando da demolição do palacete da nobre Casa da Fábrica, a Câmara do Porto comprometeu-se a levantar a fachada do edifício num outro sítio. As pedras foram guardadas, devidamente numeradas. Estão agora, 1998, guardadas no Parque do Monte Aventino, às Antas. O nome de fábrica deriva da Fábrica do Tabaco.





"Rua de Avis

Se a Rua do Infante D. Henrique e a praça homónima evocam directamente a figura do Navegador, outros topónimos portuenses se relacionam com este filho de D. João I.
Lembremos apenas a Praça de D. Filipa de Lencastre, nela desembocando as ruas de Ceuta e de Avis. E na esquina da Rua de Avis com a praça que tomou o nome da mãe do Navegador, ergue-se ainda um Hotel Infante de Sagres.
A artéria que liga a Praça de D. Filipa de Lencastre à Rua da Fábrica só recebeu há coisa de meio século a designação de Rua de Avis. Chamava-se, pelo menos desde o século XVIII, Travessa da Fábrica do Tabaco, já que ligava a Rua da Fábrica do Tabaco - alguns mapas oitocentistas ainda denominam assim a actual Rua da Fábrica - à da Picaria. Surgindo normalmente sem nome nos mapas do século XIX, aparece, curiosamente, como continuação da Rua do Correio Mor (hoje Rua do Conde de Vizela) na Planta Redonda de Balck, impressa em 1839.
De traçado muito mais recente são a Praça de D. Filipa de Lencastre e a Rua de Ceuta, cujas designações integram o mesmo "pacote" de toponímia henriquina imposto pelo Estado Novo nas vésperas das celebrações do quinto centenário da morte do Navegador. A própria construção do Hotel Infante de Sagres obedeceu, ao que parece, a uma sugestão directa de Salazar, que lamentava a falta de hotéis de luxo em Portugal.
E para tanto arrasou-se um notável edifício dos finais do século XVIII, que um negociante enriquecido no Brasil, Luís António do Souto e Freitas, mandara edificar na esquina da Rua da Fábrica do Tabaco com a travessa homónima. A casa estava ainda nas mãos dos descendentes deste fidalgo e cavaleiro da Ordem de Cristo - cujos pais haviam sido, conta-nos o especialista em toponímia Cunha e Freitas, "humildes lavradores de Rebordões" - quando foi vendida ao industrial Delfim Ferreira.
Sacrificando o velho "Palácio da Fábrica", como era conhecida a casa dos Souto e Freitas, Delfim Ferreira, que era também proprietário da Casa de Serralves e do edifício onde hoje está instalado o Foz Clube, encarregou o arquitecto Rogério de Azevedo de projectar este hotel, inaugurado em 1951 e construído e decorado com o objectivo evidente de evocar os hotéis românticos do século XIX. Propósito bem conseguido, de resto. Ainda hoje, quando penetramos no belíssimo salão de entrada, não nos custa imaginar algum Aschenbach a procurar com os olhos, entre peças de madeira exótica e confortáveis poltronas de couro, o seu fugidio Tadzio. E bem se podiam aplicar ao Infante de Sagres essas palavras que Thomas Mann dedica ao Excelsior, onde decorre a acção de "Morte em Veneza": "Reina no local um silêncio solene, próprio da ambição de um grande hotel".
Mas a construção do hotel provocou, na época, grandes protestos, tendo-se os portuenses insurgido contra a demolição do Palácio da Fábrica. Ficou mesmo estipulado que a velha casa de Souto e Freitas seria reedificada noutro local, mas a promessa nunca veio a ser cumprida.
Baptizado o hotel com o nome do Navegador, homenageou-se-lhe a parentela na vizinha Travessa da Rua da Fábrica do Tabaco (que já perdera a indicação do ramo), desde então elevada ao estatuto de rua com a nova designação de Rua de Avis."

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